terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Conhecer-se para Curar-se

Com o processo de globalização, acentua-se o acesso aos mais diferentes tipos de informações, estas, quando devidamente qualificadas, contribuem de maneira significativa para o processo da Racionalização, pois só é capaz de encontrar a verdade aquele que a questiona.
É possível buscar e encontrar um artigo científico elaborado em outra língua, a qual não dominamos, resultante de uma pesquisa em qualquer parte do mundo, como também, esse mesmo artigo pode ser traduzido por ferramentas disponibilizadas também pela internet.
Romper os pródromos da ignorância nunca ficou tão fácil, por tanto, o que nos prende ao desconhecido? O que nos limita a não buscar novas informações sobre as dúvidas que nos surgem? Como confiar naquilo disponível no mundo da web?
A Epistemologia é um ramo da filosofia que estuda o pensamento humano, pode ser considerada muito mais que isso! É uma ciência que analisa de maneira racional e histórica o processo do pensar. Basicamente existem indivíduos questionadores e indivíduos que apenas reproduzem um modo de pensar. Estes segundos representam a maior parte das sociedades nas diferentes culturas, sentem-se mais seguros em apenas reproduzir e defender uma idéia livre de mudanças, ou mesmo, que se adapte aos poucos diante da pressão. Daí surgem os dogmas doutrinários, filosóficos e até mesmo internos, assim como, os sentimentos negativos ou as batalhas para que este padrão seja imposto.
Meus caros, a biologia da vida revela que viver é adaptar-se, evoluir, certamente! Todavia para que o pensamento exista é necessário que ele oscile, que ele analise e seja analisado, para que a opinião seja sustentada.
Nunca houve no mundo tanta tecnologia, tanto entusiasmo com o novo, com o porvir! Não entraremos no êxito dos propósitos que motivam esse processo, sejam eles pra servir o homem ou seus caprichos, a realidade apenas é essa.
Inteligência, entretanto, não é sinal de evolução. Os recursos que disponibilizamos ainda são movidos por sentimentos mesquinhos anelados ao ter ao invés do ser! E no tocante a Saúde humana a situação é lamentável!
O padrão de vida imposto, em muitos casos, desencadeia os mais diversos processos patológicos. O estresse mental origina uma gama de respostas fisiológicas que levam o estresse físico, e/ou vice-versa. O mau uso do tempo mascarado pela ilusão da falta dele também agrava o estado, e o que complica mais ainda é que exigimos uma resposta rápida! Imaginem a ociosidade ou estagnação exigindo um milagre. É mais fácil culpar a quem?
Novas drogas medicamentosas surgem, extraímos da natureza ou a imitamos, destruição, pesquisas, trabalho, síntese. Um novo “remédio” surge no mercado e é incorporado de maneira tão rápida e não segura, que da mesma forma é retirado das prateleiras. Entupimos o corpo com substâncias químicas análogas àquelas que a maquinaria celular humana é capaz de produzir. Compensamos a falta de harmonia fisiológica com coisas externas e dá certo, somos eficientes! Os sinais e sintomas são mascarados, muitas das vezes, se obtém o que definimos por cura, já que fisicamente não se sente nada.
Intoxicamo-nos também com a alimentação excessiva, com a falta do exercício físico para que cuidemos melhor do corpo. Comumente sabemos dos riscos, mas como os sintomas demoram a aparecer: “-tudo bem, estou tomando o remédio e fazendo a dieta!” E depois?
A medicina Ocidental, a medicina Oriental, a medicina Vibracional, a medicina Holística, a medicina... Quantos nomes! Quantas divisões! Quantas interpretações distintas! Quantas terapias que se derivam disso! O propósito não é um só? Afinal qual é o objetivo de um terapeuta, seja ele qual for? Deveria ser a recuperação ou auxílio ao paciente!
O alternativo deixa de ser algo místico e começa a emergir como algo eficaz! Mas na verdade sem a complementaridade das partes o todo dificilmente é atingido. Prevenir sempre foi melhor do que remediar, mas acreditamos nisso?
Os chineses sempre acreditaram! A medicina tradicional chinesa (MTC), sem exceção no Oriente, data seus primórdios anteriormente a era Cristã. Achados arqueológicos em cascos de tartarugas, documentos comprovadamente antigos e descobertas realizadas em múmias, evidenciam e dão suporte a esta afirmação.
O modo no qual os orientais interpretam a vida nos foge um pouco a realidade. O conhecimento cultural empírico não se restringe a esta ou aquela ciência. Mesmo existindo diferentes técnicas a serviço da medicina, a filosofia por detrás dela é única e assim é empregada em todos os aspectos da vida, passando de geração em geração.
A medicina tradicional chinesa faz uso do conceito de que existe um padrão de sentimentos que quando desequilibrados são responsáveis pelos processos patológicos. Definiram um sistema energético e dividiram a energia em duas polaridades distintas, as quais se complementam e uma sem a outra não existem: a teoria yin-yang. Buscando o equilíbrio através da harmonização do corpo e da mente, definiram a Medicina preventiva!
Outra teoria de base é a dos 5 elementos ou 5 movimentos. Através da observação dos fenômenos da natureza e do comportamento humano, durante um período histórico considerável, ela foi se incorporando e tomando forma. Tal conjunto de idéias associa órgãos e vísceras aos sentimentos, a épocas do ano, a um tipo de cor, sabor, odor, etc.
 A Acupuntura é uma técnica terapêutica que representa a MTC, baseia-se, sobretudo, nas duas teorias anteriormente citadas. Sendo o nosso corpo, antes de outra coisa, constituído por energia, é possível manipular esta energia para que o equilíbrio seja restabelecido. Para tanto se faz uso dos acupontos, ou simplesmente pontos de acupuntura que quando unidos definem os meridianos ou “nadis” de determinado órgão ou víscera. Que nada mais é do que um canal por onde a energia é conduzida, por entre os órgãos e tecidos, até centro de forças maiores, os Chakras.
Quando uma agulha é inserida em um ponto de acupuntura, há a estimulação do Sistema Nervoso Periférico, via nervo aferente, a informação chega aos tratos nervosos medulares. O impulso chega até o Hipotálamo, região específica do Sistema Nervoso Central, que armazena e libera substancias químicas chamadas de polipeptídeos. Foram identificadas, até o momento, 66 tipo distintos destas substâncias, endorfinas e encefalinas, por exemplo, atuam no mecanismo que levam ao alívio da dor.
A Organização Mundial da Saúde documentou a eficácia da acupuntura e demais terapias orientais (moxabustão, ventosaterapia, magnetoterapia) no tratamento de mais de 145 doenças, sintomas e condições de saúde quando comparadas aos tratamentos convencionais.
A verdadeira questão é: qual a importância que damos a manutenção da Saúde? Que segundo a própria OMS trata-se do estado de equilíbrio entre o bem-estar físico, mental e social.
Importante ainda se faz, avaliar outras questões. Para romper pensamentos primários sem sustentação: conheço para conceituar? É por experiência minha ou dos outros? Conheço para ter o poder de não indicar ao meu paciente?
Aos pacientes, que se comprazem com a dúvida, para qualquer seguimento terapêutico: se conhece: quanto vale a sua saúde? Menos do que a sua doença? Por que não se costuma gastar mais para restabelecê-la?
A liberdade da escolha, mais do que a influência por ela, em relação aos diferentes seguimentos terapêuticos, deve é dá lugar a multidisciplinaridade. Que nada mais é do que a cooperação e o respeito entre os profissionais que verdadeiramente objetivam o estado de seu paciente. Mais uma vez a complementariedade das opções ou das partes, para unificar o todo, aumentando desta forma, a oportunidade do alcance.


Jeferson O. Salvi
Farmacêutico Generalista
Especialista em Acupuntura
Doutorando em Ciências Biomédicas